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Mulheres de Armas

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26
Abr18

QUOTAS: MECANISMO DE DEFESA DA PARIDADE?

Mulheres de Armas

Saudações, camaradas!

No rescaldo das comemorações do 44° aniversário do 25 de Abril de 74, que passámos na rua, a celebrar a conquista de alguns direitos fundamentais e também o direito de reivindicar todas as liberdades que ainda nos são tolhidas, recordamos que a luta se faz de pé, de punho erguido, sem dar tréguas à opressão patriarcal! 

Como prometido, damos início a uma série de debates que cremos necessários, pela sua natureza polémica e muito pouco consensual mesmo dentro dos vários movimentos feministas, com um tema fracturante. 

QUOTAS: MECANISMO DE DEFESA DA PARIDADE?

Na sociedade actual, tão vincadamente patriarcal, em que o machismo é perpetuado pelos vários braços do poder estatal (legislativo, executivo e judicial), e o privilégio dos homens (acrescentamos ainda brancos, cis, hetero e da classe dominante) é um dado adquirido, qualquer que seja o ângulo que se observe, parece flagrante que estamos muito longe de garantir a igualdade de acesso ao poder. Já que o género masculino parte, desde logo, de uma posição de favorecimento, a forma mais imediata de colocar a paridade de géneros em cargos políticos como tema premente é a imposição de quotas, e esta imposição é, infelizmente e ainda, muito necessária. Contudo, a obrigatoriedade de representação está longe de ser uma solução completa ou satisfatória! 
Em primeiro lugar, importa evidenciar a fragilidade e natureza falaciosa do argumento batido e cansado da ‘meritocracia’ contra a aplicação de quotas mínimas de representação de género. Apontamos, desde logo pela observação das assimetrias gritantes na ocupação de cargos de poder, que os privilegiados são os que normalmente não reconhecem o seu próprio privilégio, pelo que não lhes ocorre questioná-lo. Não aceitamos por um instante a ideia paternalista e condescendente, papagueada ad nauseum, que as quotas são uma enorme benesse atribuída às mulheres! Não é possível, com justiça e seriedade, entender as quotas como mais do que uma tentativa de resposta, deficitária, branda e plena de lacunas, que tenta colmatar uma opressão sexista que é estrutural e herdeira do fascismo.
Uma ferramenta legalista de influência pela paridade nunca será responsável pelo derrube dos mecanismos de opressão, omnipresentes e perpetuados por parte do Estado burguês! Para que o poder de decisão esteja realmente nas mãos de todos, nem basta uma regra que força uma paridade manca, de um terço, nem a sua aplicação cingida à esfera política de instituições de governo central ou local.
Por outro lado, fazemos questão de deixar claro que remetemos certas aparentes obsessões fetichistas, pela quotização de géneros aplicada a posições de CEOs em grandes empresas, por exemplo, à categoria de dissimulação cosmética onde pertencem. Não nos deixamos ludibriar por pseusoparidades, nem festejaremos jamais instrumentos de replicação da repressão capitalista! 
A paridade a sério começa na educação, na disponibilidade de postos de trabalho, no acesso a cargos de chefia, na equidade de direitos e retribuições; contudo, se deixa de parte minorias étnicas, pessoas com limitações físicas ou doenças crónicas, algumas franjas etárias e, acima de tudo, a classe trabalhadora, é óbvia e estrondosamente insuficiente.
A mensagem que deixamos ao sistema patriarcal é clara. Estamos atentas, não nos contentamos com migalhas e não daremos tréguas até vencermos a nossa luta, que é de todos: uma sociedade realmente livre e justa, sem oprimidos, sem opressores, sem amos nem senhores! 

[Buffy]

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